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Creme

Atualizado: 15 de ago. de 2019

Muitos dos doces habituais do nosso cotidiano foram, um dia, segredos bem guardados em cadernos de receitas, verdadeiros relicários que passavam de mães para filhas.

Os de qualidade eram poucos, mas todos eram considerados herança de família, guardados a sete chaves, cercados de obsessivo silêncio. Tamanho zelo para evitar que essas preciosas receitas vazassem, que nem as escravas eram ensinadas a prepará-las. Era essa uma atribuição exclusiva da dona de casa.

De suas viagens à Europa, as senhoras traziam anotações de novas receitas. São dessa época os biscoitos (para serem oferecidos na hora do chá ou à sombra de árvores) e os cremes servidos nos pots de crème. Uma receita de creme muito afamada era a dos Potinhos de Santa Francisca do Lobo, servidos em pots de crème trazidos de França especialmente para essa receita - tratava-se de pequenas xícaras com tampas. A fiel guardadora de tal receita era a condessa do Pinhal, casada com o conde Antônio Carlos de Arruda Botelho, fundador da cidade de São Carlos do Pinhal. Debaixo do pé de jatobá da fazenda da família é que os Potinhos de Santa Francisca do Lobo eram servidos de maneira muito cerimoniosa. Dessa receita, nasceram outros cremes de ovos, sempre muito delicados. E, à medida que o tempo foi passando, os cremes perderam o sotaque francês e ganharam ares de doce brasileiro.


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