A partir da primera década do século 19, docinhos e quitutes começaram a ser vendidos por mulheres negras pelas ruas das grandes cidades.
No começo eram doces rudes, como os manuês, as cocadas e as mães bentas. Com o passar do tempo, os tabuleiros de doces foram aperfeiçoados, ganhando a companhia de doces tão finos como aqueles que eram feitos nos conventos.
Durante o reinado de d. Pedro II, a doceria atingiu o seu esplendor. É a época dos doces leves, dos cremes, das tortas e dos pastéis, com nomes líricos e de ilações amororas. Os mais conhecidos são suspiros, raivas, esquecidos, beijinhos, sonhos, rebuçados, ciúmes, casadinhos, bem-casados e viuvinhas. Há também os doces que denominações monásticas: beijos-de-freiras, toucinho-do-céu, pudim do abade; ou de conotações proto-eróticas como baba-de-moça e colchão-de-noiva. São receitas importadas diretamente de Portugal ou ligeiramente adaptadas, mas de forte inspiração lusitana. Vieram também os sequilhos, a aletria, o arroz-doce, as fatias-de-parida, os manjares, os bolos e os pudins.
Depois dos tabuleiros, surgiram as confeitarias. A primeira data de 1910. Antes disso, não se admitia comprar doces. Era obrigação das mulheres prendadas manter a casa sempre com doces, não só pras crianças e o marido, como também para as visitas. Não era educado receber uma visita e não oferecer doces. Mas as confeitarias não substituiram os tabuleiros. Ainda hoje em Salvador, na Bahia, os tabuleiros das baianas mantêm os doces mais tradicionais.
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